Provedores de internet brasileiros receberam nesta quarta-feira (18) notificação para novo bloqueio ao X (ex-Twitter), depois que a rede social voltou a funcionar para usuários do país apesar da ordem de bloqueio do STF (Supremo Tribunal Federal).
Uma atualização feita no aplicativo da rede social causou uma mudança no IP (endereço virtual) da plataforma no Brasil. Bloquear esse código é uma das formas de derrubar o acesso.
O IP do site de Elon Musk passou a corresponder à de empresas de serviços de hospedagem como a Cloudflare, o que "driblou" a restrição imposta pelo ministro Alexandre de Moraes. Com isso, fazer uma nova derrubada era considerado arriscado, já que esse tipo de plataforma na nuvem abriga outros sites e poderia haver uma queda em cascata.
O comunicado foi enviado pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), segundo a Abrint (Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações). Procurada pela reportagem, a agência reguladora não comentou o assunto.
De acordo com Basilio Perez, conselheiro da Abrint, a orientação é que seja feito o bloqueio de dois IPs específicos. Depois, o provedor deve verificar se a medida foi efetiva, com a derrubada do acesso apenas do X, sem efeitos colaterais para outros sites.
A ordem começou a chegar às empresas no fim da tarde, com o prazo de 24 horas para cumprimento, segundo Perez.
Em nota publicada em sua conta de relações governamentais globais na noite desta quarta, o X confirmou a mudança de servidores. De acordo com a rede social, após a derrubada no Brasil, sua equipe ficou sem a estrutura necessária para oferecer serviços a usuários na América Latina. Para resolver isso, foi feita a troca de operadora.
"A mudança resultou em uma restauração de serviço inadvertida e temporária para os usuários brasileiros", afirmou a empresa. "Apesar de esperar que a plataforma volte a ficar inacessível de novo rapidamente, nós continuamos nossos esforços com o governo brasileiro para retornar muito em breve à população do Brasil."
Para o conselheiro da Abrint, a situação é ruim para as companhias do setor. "Nossa função é conectar pessoas e empresas, fazer bloqueios não é algo do dia a dia: é complicado, arriscado, tem prazo", diz ele.
A rede social do bilionário Elon Musk foi derrubada de forma "imediata, completa e integral" por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF, do dia 30 de agosto. O bloqueio ocorreu depois de a plataforma desobedecer decisões judiciais de forma recorrente, como a derrubada de perfis e postagens com ataques considerados criminosos a delegados da Polícia Federal (PF).
A volta completa do aplicativo está condicionada ao cumprimento de ordens judiciais proferidas pelo ministro, ao pagamento das multas pagas e à indicação, em juízo, de pessoa física ou jurídica como representante do X em território nacional.
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