Romeu Zema, ausente da reunião de governadores no Palácio do Planalto, sobe o tom nas críticas a Lula e ao governo

Por Edu Mota, de Brasília

Romeu Zema, governador de Minas Gerais, em evento
Foto: Gil Leonardi / Imprensa MG

Derrotado no apoio a candidatos no primeiro e no segundo turno em Belo Horizonte, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), elevou o tom de suas críticas ao governo federal, ao presidente Lula e ao PT nesta primeira semana após o encerramento das eleições. Além das críticas, Zema fez questão de não comparecer à reunião de governadores convocada por Lula para discutir o tema da segurança pública, e que aconteceu nesta quinta-feira (31).

 

Zema, que é citado como um dos possíveis candidatos a presidente da República entre os partidos de direita, recusou convite do presidente Lula para participar da reunião com outros governadores de estado, e enviou em seu lugar o secretário-adjunto de Segurança Pública de Minas Gerais, Edgard Estevo. A justificativa do mineiro, conforme ofício enviado ao Palácio do Planalto, foi que não houve resposta "satisfatória" do governo a pontos apresentados por governadores do Consórcio de Integração Sul Sudeste (Cosud) que, segundo eles, precisariam ser revistos na área da segurança.

 

"Sem esse instrumento, a reunião corre o risco de ser apenas um momento para discursos políticos, sem abertura para uma construção conjunta em busca de um consenso", disse Zema no ofício. 

 

Antes de recusar o convite, o governador de Minas Gerais passou a postar nos últimos dias uma série de críticas ao governo e a lideranças petistas. Em postagem recente nas redes sociais, após a anulação de condenações na Lava-jato do ex-deputado José Dirceu (PT) pelo ministro Gilmar Mendes, Zema disse que a decisão enfraquece a luta pela democracia.

 

"O crime compensa no Brasil? José Dirceu, ex-ministro do PT, condenado por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, teve suas condenações anuladas. Mais uma decisão que desrespeita a sociedade e enfraquece a luta contra a impunidade", afirmou o governador.

 

Romeu Zema também fez postagens nas redes sociais para reclamar da recriação do DPVAT (Danos Pessoais por Veículos Automotores Terrestres). O DPVAT voltará a ser cobrado em 2025 com o nome de Seguro Obrigatório para Proteção de Vítimas de Acidentes de Trânsito (SPVAT). 


"Mais essa taxa do governo federal. No que depender de mim, em Minas essa conta não cairá nas costas dos mineiros", disse o mineiro na postagem. "Ele sempre foi um seguro imposto, não um seguro, e que só serve para enriquecer amigos dos poderosos que no passado ganharam milhões com esse pagamento", completou.



 


Entre os presidenciáveis que têm tido o seu nome colocado como opção para concorrer na próxima eleição, Romeu Zema foi o que teve pior resultado nestas eleições municipais. No primeiro turno o governador apoiou Mauro Tramonte (Republicanos) na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte, candidato que terminou em terceiro lugar. Já no segundo turno o apoio de Zema foi ao deputado estadual de direita Bruno Engler (PL), que perdeu para o atual prefeito Fuad Noman (PSD).


 


Ao contrário de Zema, outros três presidenciáveis obtiveram vitórias nas capitais dos estados que governam. Ratinho Jr (PSD), por exemplo, venceu a disputa em Curitiba com seu candidato Eduardo Pimentel (PSD). Já Ronaldo Caiado se esforçou pessoalmente pela vitória do ex-deputado Sandro Mabel (União) em Goiânia, derrotando o candidato do ex-presidente Jair Bolsonaro. Por fim, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, venceu na capital paulistana com a reeleição do atual prefeito Ricardo Nunes (MDB-SP).



 


Ronaldo Caiado, além de derrotar Bolsonaro em seu estado, compareceu à reunião convocada pelo presidente Lula, e fez críticas a algumas das ideias apresentadas pelo governo sobre segurança pública. O governador goiano criticou a PEC apresentada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandolwski, chamou-a de inadmissível, e defendeu maior autonomia para estados legislarem sobre temas penais. 


 


"Faça a PEC, transfira a cada governador a prerrogativa de legislar sobre aquilo que é legislação penal e penitenciária. Vocês vão ver. Na hora que eu botei regra na penitenciária de Goiás, o crime acabou", disse Caiado.


 


Assim como Caiado, outro governador que tem seu nome colocado como possível candidato em 2026, Tarcísio de Freitas, compareceu à reunião com Lula. Tarcísio também fez críticas à PEC, mas em tom moderado. Já o governador Ratinho Jr., assim como Zema, não compareceu ao encontro. 

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