Ex-funcionários denunciam demissões em massa mesmo após acordo no Hospital Metropolitano

Por Gabriel Lopes / Victor Hernandes

Ex-funcionários denunciam demissões em massa mesmo após acordo no Hospital Metropolitano
Foto: Fernando Vivas/GOVBA

Ex-funcionários do Hospital Metropolitano da Bahia, localizado no município de Lauro de Freitas, denunciaram a ocorrência de demissões em massa na unidade de saúde. Essa seria a segunda vez que o ato acontece, já que no final do mês de maio deste ano, profissionais realizaram um protesto no Centro Administrativo da Bahia. 

 

Após o ato, um acordo teria sido feito para que novas demissões não ocorressem e os profissionais fossem contratados de forma efetiva. No entanto, a proposta não foi cumprida. Segundo relato de um ex-colaborador, que preferiu não se identificar,  antes do desligamento, estava sendo oferecido um valor menor do salário correto. 

 

“Fecharam um acordo com a gente que eles queriam oferecer para a nutrição, um salário bem abaixo, que era mil reais a menos. E aí nós chegamos a nos reunir com a diretora administrativa e conseguimos, na verdade, que mantivessem o salário da gente, do pessoal da nutrição. O da enfermagem que ficou mais comprometido porque o salário deles reduziu bastante. Então, a empresa manteve as equipes, fizeram alguns ajustes, perguntou se alguém queria continuar ou não e aí iniciou o contrato. Com 45 dias, eles demitiram em massa a equipe de fisioterapia, primeiramente, e a equipe de enfermagem. Demitiu bastante gente nos 45 dias e nos 90 dias demitiu outra leva de profissionais. E nesses, entraram a nutrição”, explicou o nutricionista, que não se identificou por medo de represália. 

 

Antes, o profissional explicou que os novos contratados terão a mesma carga-horária dos antigos, porém, com um salário inferior. 

 

“A gente ganhava próximo do piso. Esses profissionais que entraram, vão trabalhar a mesma coisa que a gente, mesma carga horária de 36 horas, só que com a redução de mil reais no salário. Ou seja, a gente recebia de base, salário de base era R$ 3.800 com insalubridade. Hoje o profissional lá deve estar recebendo R$ 2.500 ou  R$ 2.400 pela mesma carga-horária”, afirmou. 

 

De acordo com o depoimento, no setor de nutrição, foram demitidos cinco trabalhadores de um total de oito. 

 

“Dos oito da equipe, cinco foram demitidos, sendo que sobraram três, que foram pedidos que não demitissem eles, porque isso ia comprometer a assistência ao paciente. Teve uma reunião com a diretora administrativa, a presidente do sindicato de nutricionistas a essa reunião, poucos minutos depois, mais duas foram demitidas da equipe e eu fui demitido pelo WhatsApp. Foi uma coisa bem chocante que eu nunca tinha visto, mas, segundo a reforma trabalhista, parece que já permite fazer isso”, revelou. 


Conforme a denúncia, a gestora do equipamento hospitalar não explicou qual o motivo da demissão e surpreendeu os funcionários com a medida, já que existia a expectativa de assinatura de contrato. 


 


“Eles não alegaram nada. Eles simplesmente disseram que não iam renovar o contrato. Não alegaram nada Inclusive, a equipe de nutrição que fazíamos parte, a gente vai entrar com um processo no Ministério Público por conta disso. Inclusive, a gente trabalhou esse período de três meses sem contrato assinado. Então, é uma das coisas que a gente ficou surpreendido pelo o que a empresa fez”, disse. 



 


“Em relação a direito trabalhista, você faz um contrato de 45 dias, depois de mais 45 e efetiva, né, os funcionários, na verdade. Eles poderiam sim fazer isso [a demissão], mas eles prometeram pra gente que ia manter a equipe, entende? Em uma reunião, eles prometeram. Inclusive teve uma reunião com o sindicato de fisioterapia no início, logo, e o sindicato de nutricionistas, comprometendo mesmo a manter as equipes. Porque surgiu o burburinho de que ia demitir todo mundo no início. Então, foi feita essa reunião, inclusive essa reunião, foi assinada no documento, se não me engano, no CAB, falamos sobre isso”, completou. 


 


Em nota enviada ao Bahia Notícias, a Santa Casa de Ruy, responsável pela gestão do hospital, explicou que “inicialmente, esclarecemos que o Hospital Metropolitano passou por uma transição de gestão em 10 de junho de 2024, quando a Santa Casa Ruy Barbosa assumiu a operacionalização da unidade de saúde". "Essa mudança resultou na necessidade de estabelecer novas relações jurídicas com os colaboradores e prestadores de serviços [..]. Durante essa fase de adaptação, a Santa Casa, no exercício de sua autonomia administrativa, opta por reavaliar todos os profissionais e, com base em suas atuações no período de experiência, encaminha para contratação por prazo indeterminado os colaboradores com melhor desempenho operacional.” 


 


A instituição afirmou ainda que as rescisões não prejudicaram a quantidade de postos de trabalho do local. 


 


“Destacamos que a rescisão de contratos temporários não resultou em redução de postos de trabalho no Hospital Metropolitano. Ao contrário, abriu-se espaço para a contratação de novos profissionais, com todas as vagas já preenchidas.

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